13 de janeiro de 2010

Pipoca na Panela


É quase uma prática religiosa o ritual de entrar na fila da pipoca, antes de ingressar a sala de cinema, seja ela doce, salgada ou com manteiga em cima. A verdade é que a cultura da pipoca demorou para ser agregada a tradição cinematográfica.

Desde seu invento (o cinema, não a pipoca), os irmãos Lumiére já haviam visto o grande potencial. A primeira sessão de cinema da história, no subterrâneo do Grand Café, em París, havia sido um sucesso, apesar de não ter o tido tira gosto perfeito ainda. Como era um Café, durante a sessão as pessoas estavam sentadas em suas mesas, apreciando a projeção com grandes xícaras de café acompanhadas de croissant.
O susto durante a película “A chegada do trem a estação Ciotat” havia sido tão grande, que as pessoas derrubavam os cafés quentes em seus colos, ao sair correndo assustadas, afinal de contas, parecia que o trem ia sair da parede. O filme havia sim sido um sucesso, porém o hospital próximo teve uma série de entradas de pessoas com queimaduras pelo café.

A partir daí Georges Meliès começou a utilizar o já iniciado cinema de forma mais comercial, a contra gosto dos irmãos inventores. Porém, agora era proibido o consumo de alimentos nas dependências de onde eram feitas as projeções. Até o inicio do século XX as pessoas ainda temiam que grandes acidente como, a “grande tragédia do café”, como ficou conhecida, ocorresse de novo.
Já na América, o cinema era bem recebido. Desde que haviam se desenvolvido como país, depois da colonização e da guerra civil, os Estados Unidos estavam se firmando, rumo a tornar-se uma grande potência exportadora de milho. Os índios americanos, que haviam perdido terreno para os colonizadores europeus já conheciam a muito, a fina arte de aquecer o milho.

A sobrevivência dos ameríndios dependia da confecção de artesanato, e da venda do Mokwagahn, que no idioma Cheroki significa (O grande milho que pula). Este era vendido, por coincidência, próximo aos cinemas. Logo, o milho do índios “pipoqueiros” começou a ficar popular, e daí vem o nome em inglês: Pop, de popular, e Corn, de milho.

Não demorou muito para que a febre se espalhasse. Hollywood investiu pesado nessa nova mania, e junto com os filmes que lançava enviava receita de como fazer pipoca. Os europeus ficaram receosos, pois ainda sentiam as queimaduras do café, e ainda era proibido entrar com alimentos nos cinemas, mas logo cederam a nova mania, e a proibição virou mais um aconselhamento. Já os índios até hoje, nunca receberam os royalties de sua receita.

Na verdade essa história é uma grande mentira. Ninguém sabe por que comemos pipoca no cinema. Pra começar é mais fácil que comer pizza ou frango assado. E depois, é como se a pipoca resumisse toda a magia que envolve o ir ao cinema. Fazer pipoca é como convidar os amigos para ir ao cinema. Demora para que a vontade venha, assim como demora para o primeiro grão estourar. Porém, quando o primeiro grão explode e sobe, é como se ele voltasse para chamar os outros grãos para acompanhá-lo nessa festa.